sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Aquela hora pra não fazer nada, eu vejo filmes...

Sempre existem momentos, as vezes longos momentos, onde a melhor coisa que a gente tem pra fazer é não fazer nada. Comumente, nessas horas, eu sentava no sofá, chamava a Pretinha pra deitar junto comigo e ia assistir alguma coisa; seja esta coisa só um momento de desligar ou - mais frequentemente - simplesmente me ligar em algo diferente. 
Bem, aqui em Praga, a última vez que eu liguei a televisão que eu tenho aqui no quarto foi em novembro, pra ver o Grande Prêmio de Fórmula 1 do Brasil. Desde então não tive mais essa vontade. Nas primeiras semanas eu engatei uma sequência de ver algumas séries (estou me segurando bravamente para não assistir Supernatural, mas eu duvido muito que minha força de vontade vá muito longe), mas depois me rendi aos filmes. 
Vi de tudo um pouco. Assisti um clássico da minha adolescência como "Cegos, Surdos e Loucos", durante a época de Natal e Ano Novo vi os seis filmes de Star Wars em sequência, relembrei a trilogia de Indiana Jones (sim, pra mim o último filme não existe), mas também me aventurei por alguns filmes ainda não conhecidos por mim. 
O filme "Before I Go to Sleep" foi uma boa surpresa. Coloquei para ser um daqueles filmes para ver antes de dormir, só pra esperar o sono chegar mas achei bem escrito. Nada que me tenha feito mudar a minha concepção sobre a história do cinema, mas divertido. Um patamar acima eu colocaria "Gone Girl", "The Wolf of Wall Street" e "Dallas Buyers Club". O primeiro pela história que não teve medo de se revirar a todo momento, o segundo por que é do Scorsese e eu me dou o direito de gostar de tudo o que ele faz sem dar grandes satisfações - mas eu adorei a narrativa do filme. O terceiro foi diferente. Gente, o que foi o Jared Leto. Falou-se muito sobre a interpretação do Matthew McConaughey nesse filme, que foi realmente legal mas, na minha modesta opinião, o camarada Leto elevou a outro nível o conceito de interpretação no cinema. Simplesmente eu acho que vai demorar para eu ver um filme e pensar "esse cara/essa guria está matando a pau nesse papel" de novo. 
Mas tiveram dois filmes que me surpreenderam positivamente de uma maneira diferente. "Nebraska" e "Pride". 
"Nebraska" é tão sensível e, ao mesmo tempo, engraçado. Não engraçado daquele jeito que você não consegue parar de rir, mas um tipo de comédia que eu gosto muito: quando você não consegue tirar o sorriso dos lábios durante toda a história. Ao mesmo tempo, no final eu quase me acabei em lágrimas. Sem contar que eu realmente gostei da fotografia (Tenho uma amiga, D. Débora, que diz que isso é a única coisa que eu sei falar sobre filmes; pode ser, mas eu gostei da fotografia).
Sobre "Pride", eu não sei o quanto a história (baseada em fatos reais) foi romantizada, mas eu gostei. Não conhecia os acontecimentos, mas qualquer filme que mostre o quanto a tal Dama de Ferro, a senhora que, se o inferno for ruim, ela está lá queimando, D. Margareth Thatcher, vai entrar no meu hall de filmes preferidos. Até hoje não consegui ver direito aquele filme com a Meryl Streep porque achei que foi muito água com açúcar, muito queridinho com essa senhora.
Enfim, caminhar é bom, ir nos botecos de vez em quando é bom, sair passear de ônibus pelas ruas também é divertido. Mas de vez em quando sentar na frente do meu notebook e só ver um filme é tudo que preciso pra estar pronto pra mais leituras no dia seguinte.

terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Dicas culinárias

Sabe quando alguém diz: "aqui no Brasil fica escolhendo emprego, aí vai pra Europa e trabalha de garçom"? Então, eu realmente não suporto o lugar comum dessa afirmação, mas de fato eu vivo algo semelhante: no Brasil eu não como banana se tiver o menor ponto preto na casca, aqui eu estou comendo beterraba.
Sim, depois de me render a batata e de me aventurar com a cenoura, eu aceitei deixar a beterraba entrar na minha vida. Tenho até um apelido carinhoso para ela: "bosterraba". Eu estava no mercado, as batatas estavam horríveis, a cenoura eu achei cara então comprei uma beterraba e fiz uns dias atrás. Depois comprei outra e venho comendo, pelo menos uma vez por semana. Não significa nenhum pouco que eu gosto dela, mas pelo menos não é batata todo dia.
Na verdade, eu já estou até desenvolvendo uma técnica que diminui o gosto da beterraba e da cenoura. Hoje eu almocei a nossa amiga roxa, e fiz assim:


Eu corto em pedaços pequenos e jogo na panela pra cozinhar. Enquanto isso vou cortando as outras coisas e jogando tudo na frigideira. Quando frita um pouco, eu já tiro o ser roxinho da água, já jogo no prato, polvilho generosamente com sal e pimenta preta (que eu acho que deve ser algo parecido com pimenta-do-reino) e corro comer antes de esfriar. Como cozinha pouco, quase não tem gosto da beterraba mas, ainda sim, eu vou colocando na boca junto com um pedaço de tomate para dar uma disfarçada.



Quando faço cenoura é mais fácil ainda. Eu ralo a cenoura e jogo dentro da frigideira com as outras coisas: esquentou, jogo no prato e almoço. E eu faço isso porque, se eu tenho que comer esses elementos, pelo menos que seja cozido! Pelo menos...
Mas tem um pensamento que me maltrata sempre: enquanto eu estou ali, me matando para fazer com que essas coisas não tenham gosto e inventando novos palavrões enquanto como, muita gente no mundo estaria maravilhada se tivesse um prato de comida pra comer. Sim, eu penso nisso e fico com uma vergonha interna, infelizmente não forte suficiente para me fazer apreciar o gosto de cenoura, de beterraba e de batata.



Aos sábados eu decidi que vou sempre jantar gulaš, um tipo de ensopado bastante comum aqui na região. O pior problema, entretanto, é que é um pouco difícil pra mim utilizar o abridor de latas, que no meu caso é um dos ingredientes mais importantes.





As vezes eu demoro alguns minutos para conseguir dar a volta em toda a lata e, as marcas que já vem com aquele lacre pra abrir manualmente, são muito mais caras e meu instinto de sobrevivência (entenda-se instinto para guardar dinheiro para comprar cerveja) é muito forte.